segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Aqui a tristeza dá pulos de alegria!



O Coral Musical Ouvindo Vozes foi criado a partir de oficinas musicais ministradas pela professora Alice Severo, mentaleira e professora no Colégio Emílio Zuñeda.



Surgiu da necessidade da participação de um grupo musical nas atividades do I Natal Popular do Passo Novo. Em sua formação busca agregar usuários oriundos das Oficinas de Saúde Mental Coletiva, trabalhadores do SUS, simpatizantes da saúde mental, amantes da música e do canto.



O Coral tem sido dispositivo que favorece o prazer pelas obras magistrais através das vozes de cantores e poetas nativos. Cantamos e recitamos obras que ganham significado em nossas histórias vividas e, com isso damos vida ao que aprendemos com o que outros já aprenderam e cantam.



Para nós a Música é uma prática social, produzida e vivida por pessoas, constituindo instâncias privilegiadas de socialização, onde é possível exercitar as capacidades de ouvir, compreender e respeitar o outro.





Neste nosso pouco tempo de existência, de dezembro de 2010 até agora, o nosso compromisso maior, tem sido com a alegria de cantar. Cantamos para alegrar nossa alma e chamar atenção para Vozes que cantam sobre a necessidade de existência de um novo sujeito e uma nova sociedade: solidária, libertária e sustentável.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Quem cuida, protege!



O Fórum Municipal de Proteção Integral Infanto Juvenil/ FMPIIJ, instituído através da Lei Municipal n° 3888/06, de 11 de julho de 2006, nasceu para ser um espaço ampliado e permanente de instituições públicas, responsáveis em promover o cuidado, atenção integral e a proteção de crianças e adolescentes no território do município de Alegrete/RS. Foi instalado no dia 11 de outubro de 2006 e tem como objetivo deliberar, dar visibilidade e resolutividade às questões que envolvem as crianças e jovens no âmbito do município.



O conceito de rede que operamos é aquele que fala de algo em movimento, onde o sujeito é a própria rede. Tem atitudes de rede. Para nós não basta somente juntar os setores, as instituições, as pessoas, precisamos co-responsabilizar, fazer elos, conexões, compromissos e construir cumplicidade para incluir e proteger.



A noção de território nessa rede ganha uma nova caracterização. Não é somente o espaço físico, mas também o espaço de relações, afetos e de encontros que cada um tem em na vida.
O Fórum Municipal de Proteção Integral Infanto Juvenil/ FMPIIJ é o espaço para o de debate coletivo, que leva em consideração as diferentes interfaces necessárias para o fortalecimento de uma política de proteção integral para a infância e a juventude, bem como, se propõe responder à grave situação de vulnerabilidade em contextos específicos, realizando ações que tenham por objetivo a inclusão social. Esse Fórum tem caráter representativo e deliberativo, sendo um importante instrumento de gestão.



O Fórum Municipal de Proteção Integral Infanto Juvenil/ FMPIIJ tem como princípios a intersetorialidade e a interinstitucionalidade; a universalidade, a Integralidade; a descentralização; a eqüidade; o controle Social; a Solidariedade e a Cooperação. Como diretrizes se propõe a:
·         Romper com o silêncio para proteger a criança e o jovem de todo e qualquer tipo de violência.
·      Educar e cuidar em liberdade, garantindo atenção em serviços comunitários de base territorial, com atuação em redes psicossociais.
·         Sustentar a condição da criança e do adolescente como sujeito de direitos.
·   Escutar e acolher toda criança, adolescente, familiar ou pessoa que traga a demanda – Acolhimento universal-.
·   Comprometer os responsáveis pela criança ou adolescente sejam familiares ou agentes institucionais, no processo da atenção, educação e cuidado;
·         Ter responsabilidade de agenciamento do cuidado e do encaminhamento implicado;
·         Manter canais de articulação permanente com outras equipes do território, de forma a tomar os casos em sua dimensão territorial.

Maluco Beleza

Este espaço é dedicado aos nossos mentaleiros e mentaleiras que ajudaram e ajudam a construir uma sociedade SEM MANICÔMIOS. O primeiro a ser incluído neste espaço é José Joaquim de Campos Leão, nosso querido Qorpo-Santo. Aproveite sua história e se apaixone por suas peleias. Ele não é Alegretense, todavia Qorpo-Santo vive em Alegrete.


(...)
“Eu sou vida; Eu não sou morte! É esta minha sorte; É esta minha lida!
(...)” Qorpo-Santo, 1866



BIOGRAFIA




José Joaquim Leão, natural da vila do Triunfo, interior do Rio Grande do Sul, vai para Porto Alegre em 1840, já órfão de pai, para estudar gramática e conseguir emprego na capital, habilitando-se ao exercício do magistério público, que passou a exercer a partir de 1851.

Casa-se em 1855 e, em 1857, muda-se com a família para Alegrete, cidade na qual funda um colégio, adquirindo respeitabilidade como figura pública, escrevendo para jornais locais e ocupando ainda cargos públicos de delegado de polícia e vereador.

Em 1861, de volta a Porto Alegre, segue a carreira de professor e começa a escrever sua Ensiqlopédia ou seis mezes de huma enfermidade. Parecem manifestar-se, neste momento, os primeiros sinais de seus transtornos psíquicos, rotulados então sob o diagnóstico de “monomania”, sendo afastado do ensino e interditado judicialmente a pedido da própria família. QS não aceita pacificamente este seu enquadramento psiquiátrico, recorrendo ao Rio de Janeiro, sendo examinado então por médicos daquela capital, que diferem do diagnóstico inicial e não endossam sua interdição judicial.

Todavia, o estigma estava posto, e o autor se vê cada vez mais isolado. Este isolamento social parece incitá-lo a escrever febrilmente, e o leva ademais a constituir sua própria gráfica, na qual viabiliza e edita sua produção textual.


SUA OBRA




Foram necessários quase cem anos, a partir da publicação original dos textos de autor gaúcho do século XIX, José Joaquim de Campos Leão, nome ao qual o próprio autor acrescentou a alcunha de Qorpo-Santo (QS), para que sua obra conquistasse reconhecimento devido aos esforços de muitos intelectuais que assim o quiseram e para tal trabalharam, na década de 1960.

Alguns críticos datando desta republicação, destacando-se o editor de seu teatro completo, Guilhermino César, buscaram situá-lo como precursor de modernas tendências da arte teatral, a princípio o teatro do absurdo -na época, pretendendo atribuir-lhe a paternidade desta moderna corrente teatral- e mais tarde querendo situá-lo como antecessor movimento surrealista.

Flávio Aguiar descreve a época do relançamento das obras, muito bem recebido, com análise profunda, ao seu Os homens precários -ainda na década de 1970, bem como a tendência dos intelectuais de glorificá-lo como um criador do tão famoso e moderno teatro do absurdo. Enquanto Eudinyr Fraga, em trabalho datado aos anos 80, defende que QS seja enquadrado como autor surrealista, por fazer uso constante em seu texto do chamado "automatismo psíquico", que caracterizaria aquela corrente estética: "Suas personagens são sempre projeção dele próprio, e com ele muitas vezes se confundem, como observamos pelo conhecimento de sua biografia. Inclusive, deixam a categoria de personagens e assumem um tom discursivo, lamentando as infelicidades e as injustiças sofridas pelo criador. Por outro lado, não tem preocupações estéticas. Suas lamúrias estão sempre a um nível existencial, ou melhor, individual. Sua obra visa satisfazer uma necessidade interior que a expressão determina”.

Hoje, QS é visto como um indivíduo criativo e fora de seu tempo, não se propõe mais sua suposta intenção como inovador da estética, mas como um artista envolvido e dedicado intimamente à sua obra, tanto que, por vezes, sua mente invade os personagens liberando seu discurso como uma colagem desconexa da lógica da personagem.

Aguiar analisa em detalhe o teatro de QS, e seus argumentos fogem à discussão sobre ser QS o precursor não reconhecido de modernas tendências do teatro moderno. Para Aguiar, QS constrói um teatro da paralisia, em que o pano de fundo da moralidade vigente é antagonizado pelo desenrolar dos acontecimentos, em atropelo da possível lógica de seus enredos,nas peças de QS o ritmo do tempo se mostra caótico demais para que dele possa nascer, ‘espontaneamente’, qualquer conclusão lógica.

Cabe ressaltar que, à exceção destes dois autores citados acima, é perceptível a ausência de uma reflexão sobre a questão da loucura, a qual foi julgado em vida pelo jurídico de Porto Alegre, sobre os limites da normalidade psíquica, no universo textual deste autor. E, no entanto, a "desrazão" se faz presente no cerne de sua escritura, nas nervuras de seu texto

OBRAS
  • Ensiqlopèdia ou seis meses de uma enfermidade
  • Certa identidade em busca de outra
  • Eu sou a vida eu não sou a morte
  • Um credor da Fazenda Nacional
  • As relações naturais
  • Hoje sou um; e amanhã sou outro
  • Um assovio
  • Um parto
  • Hóspede atrevido ou O brilhante escondido
  • A impossibilidade da santificação ou A santificação transformada
  • Dois irmãos
  • A separação de dois esposos
  • La
  • Lanterna de fogo
  • Marinheiro escritor
  • Marido extremoso
  • Mateus e Mateusa
  • Elias e sua loucura bíblica



QORPO-SANTO E A SAÚDE MENTAL COLETIVA

Em 1994, o Fórum Gaúcho de Saúde Mental Coletiva, organiza o Curso Binacional de Saúde Mental ( Santa Rosa-Posadas) e Judete Ferrari entra em contato, pela primeira vez, com a obra de Qorpo- Santo.


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Em 1997 o Fórum Gaúcho de Saúde Mental/Núcleo Alegrete fomenta a organização da Qorpo-santo Cooperativa, para incentivar aos usuários a incluirem-se produtivamente. Esta cooperativa participou da Feiras da Saúde no município e em algumas outras iniciativas de artesanato e de economia popular solidária.

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As/os asssociadas/os da Qorpo-Santo Cooperativa fizeram as pastas do III Encontro Nacional do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, que aconteceu em Porto Alegre, no mesmo ano e defenderam o seu direito ao cuidado em liberdade.


Mais de Qorpo-Santo em:


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